sábado, outubro 08, 2011


Se eu fosse

Se eu fosse um mês, seria Dezembro. Mas não aqui. Eu seria Dezembro em algum outro lugar do mundo onde tudo ficasse branco e molhado e congelante, onde as pessoas ficassem mais aconchegantes, onde os cafés precisariam ser mais quentes, onde as camas teriam muitas cobertas e muito amor.
Se eu fosse um dia da semana, seria Sexta. Dia de correr pros teus abraços sem me preocupar com acordar cedo no outro dia, só me importando em acordar do teu lado.
Se eu fosse uma hora do dia, seria o Amanhecer. Queria que tu soubesses a dimensão da tua beleza quando os primeiros raios do dia refletem no teu corpo deitado ao meu lado...
Se eu fosse um pecado, seria a Gula. Gula de te ter sempre do meu lado, gula de nunca te deixar ir embora, gula de nunca te dividir com ninguém.
Se eu fosse uma flor, seria a Orquídea. A orquídea símbolo de amor em qualquer situação, perante qualquer dificuldade. A flor que nunca afunda.
Se eu fosse um barulho, seria o sussurro. Aquele sussurro de bom dia no meio de um abraço apertado, aquele sussurro de desculpas que sai juntos com as lágrimas, aquele sussurro de “eu te amo” que sempre vem junto com o teu cheiro.
Se eu fosse uma parte do corpo, seria as mãos. As tuas mãos nas minhas, as tuas mãos no meu rosto, as tuas mãos no meu pescoço, as tuas mãos em mim.
Se eu fosse um gesto, seria o olhar. Pra que me olhar desse jeito? Tão calmo, tão envolvente, tão cheio de amor?
Se eu fosse uma estação, seria o Inverno. Se eu fosse uma cor, seria o branco. Se eu fosse uma música, seria a nossa. Se eu fosse um lugar, seria o teu lado. Se eu fosse um gosto, seria o teu. Se eu fosse um número, seria o 24. Se eu fosse alguém, seria nós dois. Pra sempre.
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domingo, setembro 11, 2011


Eu te amo e enter

A internet mudou minha vida. Eu, mais do que ninguém, posso dizer isso. Digamos que ela me abriu portas, janelas e se bobear, até uma passagem secreta para o amor. Como assim? É que praticamente todos os caras que já me relacionei, apaixonei e conquistei até hoje, foram através dela. Há alguns anos, eu achava um máximo tudo isso. Imaginem só, a menina mais tímida da sala poder conversar com o mais popular e ainda dar boas risadas de coisas banais sem ninguém julgar ou apontar. Ah, minha época de MSN 24 horas por dia. Foram tantos casinhos madrugadas a fora. Tantos Thiagos, Felipes, Lucas… No fundo na época eu precisava de alguém pra me ouvir, e eles eram realmente bons nisso.

Eu contava sobre o meu dia, sobre os meus medos, brincadeiras e até uns segredos que poucas pessoas que conheço pessoalmente sabem. Sim. Eu também já disse “eu te amo” pra uma pessoa que era especial, mas que não, eu não amava. Sempre que assisto a um filme onde esse tema é abordado (Amor e outras drogas, assisti ontem), me questiono sobre o assunto. Logo eu, que acredito tanto no sentimento amor, já falei sem querer e sentir, que amo. Pela internet, mas falei.

Percebo que isso acontece muito hoje em dia. Cada vez mais e mais. Somos a geração “Eu amo você e enter”. É tanta (falsa) intimidade. Vejam só: Temos acesso livre ao álbum de fotografias (esse nós só veríamos depois da apresentação dos pais), depoimentos emocionantes (esse só no aniversário de 15 ou 18 anos), conversas com outros amigos (atrás da porta ou na mesa ao lado), filmes prediletos (indo de mãos dadas na locadora alugar).

Depois de alguns minutos de conversa, pronto, já sabemos quase tudo sobre o outro. Mesmo sem os famosos “olhos nos olhos”, nos sentimos próximos da pessoa. O suficiente pra compartilhas momentos e frustrações. Principalmente frustrações. Já reparou? As pessoas nunca são tão felizes na internet. Caio F. Abreu nunca foi tão citado.

Bem, vocês sabem, o coração não quer saber se a pessoa tá perto ou longe. Se é rico ou pobre. Popular ou antisocial. É só arrancar boas risadas, ser inteligente, gostar de ouvir e dar conselhos e pronto. Você já se tem um novo affair. Ele parece legal, tem tudo pra dar certo. Se isso vai durar? Talvez. Sempre me perguntam: O amor é pra sempre? Sei não. Pra mim, as pessoas têm uma concepção meio errada do que é o eterno. Pra sempre não quer dizer que isso ou aquilo vai durar pelo resto dos seus dias, quer dizer que você nunca esquecerá.

O amor virtual não se resume a um "L" entre parênteses na tela de um computador. O amor de verdade, mas só o de verdade, acontece aqui dentro, naquele lugar onde ninguém consegue tocar, só sentir. Nem no cérebro, nem no coração, na alma. Pouca gente enxerga isso, mas a maneira com que esse sentimento tão nobre se manifesta, não é o mais importante. Um beijo é bom, é sim. Mas uma palavra de conforto em um momento difícil e uma risada enquanto escapa uma lágrima, pra mim, vale muito mais.

Bruna Vieira - Depois dos Quinze
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domingo, agosto 28, 2011


Muito amor

Raul, EU TE AMO.
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sexta-feira, julho 08, 2011


Dramin

Completamente sem sono.
Você assisti um filme, deita na cama, roda de um lado pro outro, apaga a luz, tenta dormir, acende a luz, assiste outro filme e termina a madrugada chorando pela solidão que tá sentindo porque não tem ninguém pra te escutar agora.
Chora aquele choro quieto, sem nenhum soluço, sem nenhum barulho. Chora assim pra ter certeza que vai continuar sozinho. Olha para os lados, bate o olho em cada porta-retrato do quarto, em cada roupa jogada no chão, lembra que amanhã é sexta-feira e você não tem nada pra fazer, fecha os olhos e se pega pensando no real motivo das lágrimas.
Sim, porque, até agora, nada fez sentido.
Enquanto isso tudo passa na sua cabeça, uma montanha de sentimento vai desmoronando continuamente e cada gota que molha a lente dos óculos é por um motivo diferente.
Primeiro seu pai discutiu com você e não quis te dar dinheiro, depois você lembra que está prestes a sair de casa pra estudar e mais uma lágrima vem, lembra também que o namorado mora longe, que não aguenta mais as férias, que essa dor de cabeça tá te tirando do sério e, no final das contas, aquele choro que era quieto e sem barulho, vira um pranto por quase nada.
Mas, ainda assim, dói. Dói porque, por mais que seja quase nada, é tudo verdade.
Não ter o seu próprio dinheiro e depender dos pais dói. Sair de casa é uma merda e, por mais que você queira passar uma imagem forte e preparada, quanto mais perto chegar da hora de ir, mais dói. Ficar longe do namorado que você ama perdidamente e só vê uma vez por mês é uma dor insuportável, é a mesma coisa que tirar uma parte essencial do corpo. As férias também doem porque isso só é legal quando todo mundo também está de férias. Agora, se você é o único da turma que não faz nada da vida há seis meses, eu realmente compreendo a sua dor.
Tudo dói.
Inclusive a cabeça.
E, depois de tentar dormir e descobrir que chorar não adiantou de nada, você encerra a noite escrevendo. Que também não vai funcionar.
Mais algumas rodadas na cama e você desiste. Desce e toma um Dramin. Dizem que dá sono.
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domingo, abril 10, 2011


Sempre tem mais

A casa estava uma bagunça, as crianças não paravam de gritar, a televisão com o jogo de futebol a todo o volume, o bolo queimou, manchei um lençol com água sanitária, enfim, um dia pra não sair da cama.
Desse jeito não dá.
Larguei tudo. Sai daquele cubículo que me sufocou o dia todo.
Empurrei as crias para o “maridão” que de ão não tinha bosta nenhuma e sumi. Ia voltar logo, fato. Mas se sentissem a minha falta, me tratariam muito melhor. Ah se tratariam.
Desci de escadas, não ia sair de uma caixa pra entrar em outra. Tirei o calçado e decidi andar assim, à pé, literalmente. Subi três quadras e enquadrei o mar. Que delícia de visão.
Moro num apartamento, ali, pertinho da praia, mas nunca dá tempo de dar uma chegadinha aqui. Como isso? Meu deus, isso é terapia.
Sentei na areia de moletom e calça jeans mesmo. Como era um dia frio de outono, ninguém caminhava por perto ou coisa parecida, ainda que fossem apenas cinco da tarde. Aquele vento, aquele cheiro, aquela paz... que maravilha. Porque diabos a minha casa tinha que ser o inferno que era?
É muito “mãe” pra todo lado. “Mãe, a fulana me bateu! Mãe, o cicrano estragou o meu desenho! Mãe, onde tá isso? Onde tá aquilo? Mãe, vem aqui!”. Mãe não tira folga nem quando dorme. Eu deito na cama por dois minutinhos e começa tudo de novo! “Mãe, trás minha mamadeira! Mãe, quero água! Quero banheiro!”. Ah, vá. Tenha dó! Preciso respirar. Ser mãe/dona de casa me tira a liberdade até de fazer isso: respirar.
Sentada ali, na areia, eu não era mãe. Não era a cozinheira ou a faxineira ou a escrava sexual do marido pouco presente. Eu era eu. Eu, o frio, o mar e o resto. Quem passava não me conhecia, não sabia o meu nome, não podia me chamar de mãe nem pedir pra eu pegar ou limpar alguma coisa. Devia ter fugido pra ali há muito tempo atrás.
Fiquei parada, pensando em qualquer coisa que não fosse a minha vida, descansando do meu papel na sociedade. De pouco em pouco, o sol foi descendo, se escondendo no mar, deixando o tempo mais frio e a praia mais escura. Que espetáculo! Tanta gente passa por aqui todos os dias, inclusive eu, quando faço o mercado, mas quem é que para pra olhar uma coisa dessas? Se parassem, não iriam precisar de terapeutas.
É, infelizmente estava na minha hora. Por mais que a raiva e a exaustão da minha casa tivessem me trazido até ali, a mesma casa me fazia voltar. Só que, agora, muito mais tranquila, mais sedenta de ser chamada de mãe, de ler histórias e de fazer o jantar. E sabe o que é melhor? Amanhã, se eu precisar fugir, tem mais aqui, no mesmo lugar. Sempre tem mais.
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quinta-feira, março 31, 2011


Eu nunca disse isso

- Onde tu vai?
- Ãhn?
- Que horas são? Onde tu tá indo?
- São 4:45. Volta a dormir. Eu não consigo.
Fui para a sacada. Não havia nenhum sinal de sol ou qualquer barulho que anunciasse a manhã, mas ali era um bom lugar para pensar.
Procurei um motivo para não estar do mesmo jeito, para não conseguir dormir do lado do homem que eu, até agora, amava. O frio estava cortante. Puxei o cabelo para o rosto tentando cobrir as minhas orelhas. Credo! Que cabelo era aquele? Minhas unhas estavam pela metade, a cutícula por fazer e dois dedos de raiz na minha cabeça. Quem é essa? Onde eu estive esse tempo todo?
Entrei em casa e não olhei para nenhum espelho. Definitivamente, não queria ver quem eu havia me tornado. O que eu sabia era que estava prestes a terminar com isso.
Dei fim ao casamento, parti a casa ao meio, quebrei porta-retratos e joguei nossa aliança na cara dele. Os presentes, o sofá, os outros móveis, tudo foi repartido. Mas foi ele quem saiu do apartamento. De carro.
Ele perguntou o motivo, disse que nós estávamos indo tão bem, que o sexo era incrível, que eu era perfeita em tudo o que fazia, que morávamos bem, vivíamos no luxo e blábláblá.
Eu só disse que não confiava em mais ninguém.
Algum tempo depois nos encontramos no calçadão. Eu com meu cachorro novo e ele com uma namorada nova à tiracolo.
- Achei que tu não confiava em mais ninguém.
Toquei no meu novo cabelo ruivo e bem cuidado, minhas unhas estavam lindas, meu corpo três quilos mais magros. Eu estava feliz. Comigo e com o resto.
- Quem? Eu? Eu nunca disse isso.
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Tu não estava lá

Sonhei que te perdi. Te deixei longe, para trás. Segui em frente, ergui a cabeça. Nesse sonho eu era feliz e tu não estava por perto. Eu podia pensar em mim, podia acordar sem ninguém do meu lado, podia não ver ninguém quando chegava em casa. Eu consegui sorrir e tu não estava lá. E então, eu acordei. Tu continuava não estando lá, mas eu não consegui sorrir. Merda, foi só um sonho.
Peguei um pote de sorvete e lenços de papel. Fui para a sala chorar com a tua foto e falta.
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terça-feira, março 29, 2011


Me chame sua

Os outros costumam nos chamar de fracas. Fracas por que, meu Deus? Por amar demais? Pela dedicação para com os outros? Por acreditarmos realmente que sonhos podem, sim, se tornar realidade? Coitados.
Aguentamos as dores do mundo nas costas. Somos culpadas pelo mal da humanidade, chamam-nos de pecado, de luxúria, de vaidade, de vulgaridade. E quem nos chama pelo nosso real nome? Ninguém.
Somos boas, mas não somos anjas nem donas da verdade. Fazemos coisas erradas o tempo todo, tal como o nosso sexo oposto. A diferença é que sabemos perdoar, acreditar e aceitar. Somos seres humanos, mas esse não é o nosso nome.
Também somos paixão. Somos o vermelho. Somos escândalo, perfumes, sapatos, roupas, lojas, dinheiro. Somos Monroe, Bardot, Jolie. "Mulher é desdobrável. Eu sou." Mas não sabem pronunciar o nosso nome.
Acariciam nosso rosto, nos levam para a cama, acordam do nosso lado, nos dão flores, nos traem, usam, largam, machucam, arrancam lágrimas, e nem desse jeito dizem o nosso nome.
Gente rude, dura, que não sabe dar valor e, ainda assim, nos tem aos seus pés.
Por favor, me chame mulher. Me chame sua.
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quarta-feira, janeiro 12, 2011


Verdades

A verdade é que sou intensa demais e não há quem dê jeito nisso. Sofro dores que não são minhas. Vibro com alegrias que não me pertencem. O bom de tudo é que, toda noite antes de dormir, eu rezo. E sempre sorrio (mesmo quando estou triste).
Fernanda Mello
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sábado, janeiro 01, 2011


Quase Anjo

Corto meu cabelo e me reinvento. Tiro tudo de ruim que meus fios absorveram durante certo tempo e mando pro lixo. Fico nova. Me amo mais e mais até chegar a hora de cortar novamente e ser outra pessoa. É bom ser assim. É bom fazer isso. Virar alguém completamente diferente pra cada fase da vida. Nem todos têm coragem de mudar ou de realmente mostrar quem são, mas eu tenho. Jogo na cara que sou assim e pronto, e ponto. Afinal, sou boa, mas não um anjo.
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