domingo, setembro 11, 2011


Eu te amo e enter

A internet mudou minha vida. Eu, mais do que ninguém, posso dizer isso. Digamos que ela me abriu portas, janelas e se bobear, até uma passagem secreta para o amor. Como assim? É que praticamente todos os caras que já me relacionei, apaixonei e conquistei até hoje, foram através dela. Há alguns anos, eu achava um máximo tudo isso. Imaginem só, a menina mais tímida da sala poder conversar com o mais popular e ainda dar boas risadas de coisas banais sem ninguém julgar ou apontar. Ah, minha época de MSN 24 horas por dia. Foram tantos casinhos madrugadas a fora. Tantos Thiagos, Felipes, Lucas… No fundo na época eu precisava de alguém pra me ouvir, e eles eram realmente bons nisso.

Eu contava sobre o meu dia, sobre os meus medos, brincadeiras e até uns segredos que poucas pessoas que conheço pessoalmente sabem. Sim. Eu também já disse “eu te amo” pra uma pessoa que era especial, mas que não, eu não amava. Sempre que assisto a um filme onde esse tema é abordado (Amor e outras drogas, assisti ontem), me questiono sobre o assunto. Logo eu, que acredito tanto no sentimento amor, já falei sem querer e sentir, que amo. Pela internet, mas falei.

Percebo que isso acontece muito hoje em dia. Cada vez mais e mais. Somos a geração “Eu amo você e enter”. É tanta (falsa) intimidade. Vejam só: Temos acesso livre ao álbum de fotografias (esse nós só veríamos depois da apresentação dos pais), depoimentos emocionantes (esse só no aniversário de 15 ou 18 anos), conversas com outros amigos (atrás da porta ou na mesa ao lado), filmes prediletos (indo de mãos dadas na locadora alugar).

Depois de alguns minutos de conversa, pronto, já sabemos quase tudo sobre o outro. Mesmo sem os famosos “olhos nos olhos”, nos sentimos próximos da pessoa. O suficiente pra compartilhas momentos e frustrações. Principalmente frustrações. Já reparou? As pessoas nunca são tão felizes na internet. Caio F. Abreu nunca foi tão citado.

Bem, vocês sabem, o coração não quer saber se a pessoa tá perto ou longe. Se é rico ou pobre. Popular ou antisocial. É só arrancar boas risadas, ser inteligente, gostar de ouvir e dar conselhos e pronto. Você já se tem um novo affair. Ele parece legal, tem tudo pra dar certo. Se isso vai durar? Talvez. Sempre me perguntam: O amor é pra sempre? Sei não. Pra mim, as pessoas têm uma concepção meio errada do que é o eterno. Pra sempre não quer dizer que isso ou aquilo vai durar pelo resto dos seus dias, quer dizer que você nunca esquecerá.

O amor virtual não se resume a um "L" entre parênteses na tela de um computador. O amor de verdade, mas só o de verdade, acontece aqui dentro, naquele lugar onde ninguém consegue tocar, só sentir. Nem no cérebro, nem no coração, na alma. Pouca gente enxerga isso, mas a maneira com que esse sentimento tão nobre se manifesta, não é o mais importante. Um beijo é bom, é sim. Mas uma palavra de conforto em um momento difícil e uma risada enquanto escapa uma lágrima, pra mim, vale muito mais.

Bruna Vieira - Depois dos Quinze
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